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14 de dez. de 2014

FLUXO DE PENSAMENTO




A dor a tristeza e o ódio
São combustíveis,
São necessários, se você precisa ser forte na vida
Sem dor não há aprendizado
Sem tristeza não há valorização das coisas
Sem ódio, não há vontade de mudança
Sentimentos, emoções, pensamentos...
Do que realmente somos feitos?
Sei que não é de sonhos, mas de esperança
Por mais que a desprezemos
Ela está lá, querendo ou não
A última que morre, de fato.

O clichê da existência
É difícil aceitar que a nossa vida
é feita de clichês
toda ela, do início ao fim
Porém, nas entrelinhas de algumas vidas
Há também as ironias, as sátiras
Nem sempre as tragédias fazem parte
Mas isso não importa,
Pois o que o mundo não faz
Nossa cabeça inventa,
Faz sozinha, se sabota
Cria armadilhas...
A autodestruição
É a guerra do século.

Aquela que você luta 
Todo dia, dentro de sí mesmo
Há dias que perde, há dias que ganha
sempre disputando autonomia
Sobre sua própria vida
Acabar ou não acabar?
Eis a questão
Morrer, viver
Como se tivéssemos escolha.

A dor é bem vinda
Quando sabemos o quanto o sofrimento é útil
Não sei como vocês vêem as coisas
Mas eu vejo beleza na dor
A tristeza que trazemos nos olhos é impressionante
Tocante, marcante, profundo, belo.
O sofrimento é genuíno
Traz nobreza as pessoas
"Dignificam o homem"
Sobretudo aquele que escondemos dos outros
Aquele que só você sabe que sente
O que te faz derramar lágrimas mudas
Na ausência de luz.

Avassaladora melancolia
Se soubesses
Quanta falta me faz
Não a vejo mais
Velha amiga
Por onde andas? Consolo da dor
Me abandonaste
E agora só me sobra o nada
O vácuo, vazio
Vazio que não preenche
Vazio que não consola
Vazio que não distrai
É apenas um buraco negro
Que suga tudo pra dentro
Sem devolução.

Me encontro a um tempo 
No mesmo estado,
O estado de espera
É pior que esperar na janela
Pois onde estou, não há vislumbre de esperança
Apenas a sombra do escurecer dos dias...
Dias e dias passam rápidos como um suspiro
Mas intermináveis são os meses
Os anos parecem eternos
Pois sempre nos enxergamos no mesmo lugar
Mesmo impasse, mesmo conflito
E por mais que saibamos,
Que tudo é passageiro
Esperar a chegada do futuro
É utópico
O presente suga, envenena, polui
A desintoxicação é feita pelo afastamento
Reclusão
É lenta, mas eficaz
Porém, não duradoura
Pois o ser humano impregna tudo onde toca
O contato humano é tóxico.

Todos temos uma condição de vida
A condição muitas vezes
Controla atitudes
Determinam nossos movimentos
Mexem com a estrutura de nossos objetivos
Onde está a liberdade afinal?
O livre arbítrio de Deus
É contrário a liberdade condicionada dos homens.
É mesmo verdade que as pessoas procuram pela liberdade?
Afinal, é certo que a maioria não sabe o que fazer com ela
Perde o sentido, o propósito
Todos querem algo pelo qual buscar, pelo qual lutar
Isso já não contraria o significado de liberdade?
Devem saber que quando há algo a buscar
Existem regras para atingir o tal objetivo proposto por sí
Se tem ideais pelo qual lutam
Há regras a seguir para conquistá-los 
Mesmo que as imposições sejam feitas por vocês
Admitam
Não há liberdade nem mesmo de vocês para consigo
A liberdade não existe
É um mito
Assim como a felicidade.
As pessoas não querem liberdade
As pessoas buscam o tempo todo se prender a alguma coisa
Uma coisa que vire necessidade
Algo que seja fundamental, indispensável
Porque viver para si mesmo não traz satisfação alguma.

É por isso que a vida não faz sentido.
Veja bem, se você se prende a algo
É imbecil o bastante para aceitar 
Todo o sofrimento proveniente de algo que não se pode controlar,
Assim é incalculável todos os transtornos e consequências de se prender
a uma coisa efêmera como um ser humano, por exemplo.
Pessoas que se apaixonam são vistas como idiotas 
Hoje em dia, até mesmo as relações de afeto 
São pragmáticas e regidas por regras de conveniência.
Então quando nos negamos a tais ações
Seja por discordância, insegurança, indiferença ou apenas falta de oportunidade
Somos estranhos, loucos, solitários ou mesmo otários
O nome que dão não importa
O caso é que ser livre de sentimentos alheios
Não traz nada, nem de bom, nem de ruim
E a falta das experiências ou dos acontecimentos
Ocasiona numa estagnação.
Sem as pessoas, os conflitos não mudam
Não há crescimento pessoal
A vida não se altera
Portanto, sempre estamos em busca da submissão
Sempre nos submetemos a algo
E a liberdade só é valorizada por quem não a possui.

Quando penso no dia mais feliz
Da minha vida
Vejo o quão banal ela realmente é
Pobre vida ordinária desperdiçada
As vezes penso em quanta diferença
Se faria, se outra pessoa habitasse este corpo
Sei que tem certas existências 
Mais dispensáveis do que a minha,
Mas sempre penso em como poderia ser aproveitada
Basta observar o mundo 
Para saber que a existência humana
Não é seletiva
Deixam qualquer um existir aqui
E a frase:
"Se a sua existência não deixa a vida de ninguém melhor, ela é inútil"
Já não tem efeito
Afinal ninguém tem culpa de existir
E portanto, 
Se queremos fazer algo produtivo aos outros ou não
É escolha nossa
E essa é a única liberdade que temos
Ser bom ou não ser?
E isso existe?
Basta saber que pra tudo o que existe
É necessário que haja também o seu extremo oposto.
Não poderia existir luz
Se não houvesse escuridão
Não poderia haver bondade
Se não existisse a maldade
Não poderia haver paz
Se não existisse também a guerra
Não seria possível saber sobre um sem o outro
Como julgaríamos se algo é doce
Se nunca provamos o amargo?

O mundo é um lugar cruel
A condição da vida é brutal
Difícil mesmo é saber de tudo como é
E aceitar as coisas tais como são
Sem ilusões, apenas a realidade
E ainda assim continuar
Onde está a sua força?
Incrível mesmo, 
É levantar todos os dias e sair da cama
Sabendo que terá um dia de merda
Mas seguir assim mesmo
Porque não somos donos de nossa vida
Vivemos pelos outros
Que precisam mais de nós 
Do que nós deles.
Portanto, enquanto choramos ao final dos dias
E acordamos prontos pra outra
Estamos no estado de espera
O esperar da mudança das coisas
Da passagem do ordinário
Do alterar de perspectiva
Mas por enquanto,
Estamos cansados e vazios
Como no poema: Voltas para casa de Gullar
Onde o "Amanha ainda não será outro dia"

Mariana Carolina.

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