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23 de jun. de 2014

MONÓLOGO.

 

 
  Eu só queria dizer
  Que não é culpa minha
  Eu não escolhi
  Eu não decidi
  É tudo apenas um reflexo biológico
  O que posso fazer?
  Meu corpo foi tomado pela dopamina
  Sou escrava da reprodução humana
  E agora meu cérebro não pode se livrar da substância
  Afinal eu estou drogada
  O funcionamento do meu corpo foi alterado
  É como se eu estivesse sob o efeito de uma heroína
  Só que talvez essa droga seja ainda mais nociva
  Como saber?
  Quantas loucuras e despropósitos imbecis não são causadas em nome dela?
  Doce ilusão é essa de que você pode escolher
  De que pode se conter
  De que não irá meter os pés pelas mãos
  De que sua racionalização vai te impedir de sentir,
  Uma ova que vai!
  Na verdade muitas vezes é ainda pior.
  Te faz sentir culpa,
  Culpa por saber que não é nada demais
  Mas mesmo assim, você embeleza isso 
  Engrandece
  Faz um drama inexistente 
  Recria um personagem
  Culpa por sentir.
  Então que se dane a culpa
  Que se dane a dignidade de não ser ridículo
  Sinta! E sinta de novo!
  E não espere reciprocidade
  Não espere sentimentalismo
  Não espere nada!
  Mas se deixe sentir
  Admita! Não negue
  Mentir pra si é mais difícil
  Fica complicado se encarar
  Ter vergonha por si mesmo é desnecessário
  Uma hora isso passa
  Uma hora a poeira abaixa
  E a calmaria retorna
  A calmaria confortável e tediosa
  Essa sempre volta!.
  Mesmo sabendo como as coisas são
  Mesmo conhecendo as pessoas
  Mesmo sabendo que não vale a pena
  Eu tento
  Sou estúpida?
  Qual o meu problema?
  Eu quero saber no que dará
  Eu quero apostar
  Pagar pra ver
  Desafiar a sorte
  O universo
  A minha vida
  E isso é por mim
  E esse esforço acaba sendo por mim
  Então por que me envergonhar?
  Ultimamente tenho abraçado meu ser
  Deixando ele ser
  Deixando acontecer
  Indo lá e pegando
  Apesar dos platônicos ainda serem a minha relação humana preferida,
  Tenho uma curiosidade
  Quero experimentar
  Quero ter razão quando o errado chegar
  Vou poder continuar dizendo:
  - Eu sei no que isso vai dar
  - Eu sabia que aconteceria assim.
  É realmente difícil algo que envolva um ser humano me surpreender
  Não espero me surpreender,
  Eu tô jogando pra perder.
  Eu sei que vou acabar perdendo alguma coisa
  sempre perdemos alguma coisa
  Será que ganharei algo?
  A experiência me basta
  Aquela que vou poder usar pra dizer:
  - Não faça isso novamente!
  Eu na verdade tenho facilidade em me despedir das coisas
  Vejo beleza em deixar as coisas irem pra longe...
  Se esvaindo do meu ser.
  Eu me preencho do inexistente.
  Não sei me preencher com algo real
  Não sei se é algo bom
  E não acho que precise me preencher de pessoas.
  Eu sou um andarilho a procura do meu próprio ser
  Não posso me buscar se estiver acompanhada 
  Isso quer dizer que eu me perderia se achasse alguém?
  O que isso significaria para mim?
  A doce solidão!
  Aquela que você chega até a odiar
  Mas é parte de você
  Como um membro da alma
  Como um amigo imaginário, só que este existe mesmo.
  Solidão que me acompanha
  Solidão que me completa
  Como um sentimento que é na verdade a falta de algo 
  Te acompanha? Te completa?
  O paradoxo da minha vida.
  A solidão é o meu algo a mais de concreto
  É o refúgio do meu ser
  Solidão eterna é o que me espera
  Todos os meus caminhos me levarão de encontro a ela.
  Eu já sei disso
  Eu aceito isso.
  Não fugirei 
  Estarei te esperando
  Solidão.
  Minha melhor amiga.
  Companheira.
  Meu peso
  Minha dor
  Meu desalento
  Minha melancolia 
  Minha redenção silenciosa.
  A cada dia chego mais perto de ti
  A cada dia a sinto mais em mim.
  O que acontecerá quando eu me impregnar de você?

Mariana Carolina.

17 de jun. de 2014

ENSAIO.


   Olá, ei! É você mesmo!
   Pode me dizer por que está assim?
   Cansado? É acho que isso todos nós estamos.
   Mas por que não faz algo pra mudar?
   Por que aceita essa realidade em que vive?
   O quê? Você não acha que pode fazer algo?
   Bem, digo a você
   Que tudo o que você é,
   Foi por completa responsabilidade sua
   Não concorda não é?
   Não há como negar caro amigo
   Está tudo bem na sua frente!
   Não há nenhum culpado a não ser você
   Tudo bem, aceitando a atual situação
   O que fazer agora?
   Agora que assume a vida em suas mãos?
   Há algo que você realmente queira?
   Existe algum desejo dentro de você?
   Se não se sabe, se não se tem certeza
   É simplesmente porque não há nada
   Nada que queira, nada que o motive
   Nada que o faça sentir positividade
   Sobre estar vivo.
   E estar vivo é positivo?
   Ouço vivos reclamando o tempo todo
   Mas os mortos parecem mais satisfeitos
   Tanto que nem se incomodam em opinar em nada
   Isso é paz? Afinal a paz existe?
   E existe alguma coisa que não tenhamos dúvidas?
   Porque tudo para mim é apenas uma especulação de verdade
   A vida mesmo as vezes não me parece real
   Quando você se olha no espelho reconhece a si mesmo?
   A impressão que tenho quando me vejo refletida
   É apenas a de que estou presa dentro de um corpo que não é meu
   Parece que o que sou por dentro
   Não se parece em nada com o que apresento fora
   Não é nada de falsidade ou fingimento
   É apenas uma sensação de inexistência
   Parece que não existo quando me olho
   Começo a olhar para o meu corpo e me sinto aprisionada
   Acham que eu preciso de uma avaliação psicológica?
   Lhes digo que tenho plena consciência da minha loucura
   No entanto, não pretendo tomar remédios para inibir minha insanidade
   Isso é o que sou, estou sob controle
   A maior terapia do mundo é aguentar um bando de débeis todos os dias
   E ainda ser você o louco da geração.
   Mas tudo bem, está tudo em seu lugar
   Quem espera a justiça num mundo condenado
   È pior que um louco, que sofre pelas coisas e pelos outros
   Ao menos meu sofrimento é sobre mim, é por mim e por nada mais.
   Eternamente insatisfeita serei
   Porque meus sonhos nunca cessarão
   E ainda assim continuarei com eles
   Fazem parte de mim
   Sem meus devaneios não sou nada
   Nem mesmo uma louca
   E prefiro ser louca
   Do que ser um normal, enquadrado e alinhado
   Prefiro ser louca
   A uma acomodada medíocre, que espera pouco
   Se satisfaz com pouco, e acha que o pouco é natural
   Talvez seja
   O natural real preenche as pessoas?
   Eu realmente não consigo entender
   Porque nada disso me sacia
   Nada mesmo, nem ao menos me distrai
   Querer demais é uma maldição
   Esperar grandes coisas é uma catástrofe
   A grandeza é inalcançável
   Mas somos loucos
   Queremos o inalcançável, o inatingível, o infinito
   Um sinal poderia ser suficiente
   Mas sabemos que ele não chega
   Os sinais não existem
   São ilusões criadas para dar um sentido inexistente
   Ao passar de nossos dias
   Por que continua então?
   Por que está tentando?
   Por que não desiste?
   Porque já é tarde demais para qualquer coisa meu caro.
   Porque a essa altura de minha vida, já aceitei minha existência.
   E não há nada a se fazer
   A não ser esses textos melodramáticos de efeito existencial.
 
 

Meu nome é Lola

Foto: Mariana Carolina